Funções do zelador de condomínio: atribuições, perfil ideal e legislação

Zelador de condomínio realizando inspeção nas áreas comuns de um condomínio residencial no Brasil.

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Qual a função do zelador de condomínio

As funções do zelador de condomínio são essenciais para o bom funcionamento da rotina condominial. Esse profissional é responsável por garantir que todas as tarefas operacionais estejam bem coordenadas, desde a manutenção das áreas comuns até a supervisão de prestadores de serviço. Na prática, atua como um elo entre o síndico, os moradores e as equipes terceirizadas.

Embora não tenha poder deliberativo como o síndico, o zelador é muitas vezes o primeiro a identificar problemas estruturais, irregularidades operacionais ou situações que possam comprometer a segurança e o bem-estar dos condôminos. Seu olhar atento e sua atuação preventiva ajudam a evitar transtornos e otimizar recursos.

É importante destacar que as funções do zelador de condomínio podem variar conforme o tamanho do empreendimento, a estrutura da equipe de apoio e o tipo de contratação. Contudo, algumas responsabilidades são comuns à maioria dos condomínios e serão detalhadas nas próximas seções.

Principais atribuições do zelador

As atribuições do zelador vão muito além da supervisão de limpeza. Ele é, na prática, o gestor da rotina condominial operacional. É quem garante que pequenos problemas sejam resolvidos antes que se tornem grandes dores de cabeça para o síndico e os moradores. Abaixo, detalhamos as funções mais comuns exercidas por esse profissional:

Manutenção e conservação das áreas comuns

Uma das funções mais visíveis do zelador é zelar pelo estado de conservação das áreas comuns do condomínio. Isso inclui espaços como hall de entrada, corredores, escadas, elevadores, salão de festas, academia, garagem e área externa.

O zelador deve realizar inspeções regulares, identificar desgastes, infiltrações, problemas de iluminação, vazamentos ou qualquer outro tipo de deterioração que possa comprometer o uso ou a segurança dos moradores. Além disso, ele precisa garantir que os serviços de limpeza sejam feitos de forma adequada e conforme o cronograma definido pela administração.

Outro ponto importante é o acompanhamento de manutenções preventivas, como a limpeza de caixas d’água, testes de bombas hidráulicas e funcionamento de portões automáticos. Mesmo que o zelador não execute essas tarefas diretamente, é sua responsabilidade acompanhar os prestadores e garantir que o serviço seja concluído com qualidade.

Fiscalização de prestadores de serviço

O zelador atua como um agente fiscalizador das atividades dos prestadores de serviço contratados pelo condomínio. Isso inclui equipes de limpeza terceirizadas, empresas de manutenção de elevadores, jardinagem, portaria remota, entre outros.

Cabe a ele acompanhar o cumprimento dos cronogramas de execução, avaliar a qualidade do serviço prestado, conferir materiais utilizados e relatar quaisquer problemas ao síndico ou à administradora. Quando necessário, pode intermediar solicitações ou ajustes operacionais diretamente com a empresa contratada, sempre respeitando os limites da sua função.

Essa fiscalização contribui para que o condomínio não desperdice recursos com serviços mal executados e fortalece a cultura de responsabilidade e transparência entre todos os envolvidos na gestão condominial.

Comunicação com síndico e moradores

A comunicação é uma das competências mais importantes no perfil de um bom zelador. Ele atua como canal direto entre os moradores e a administração condominial, repassando informações, recebendo reclamações ou sugestões e sinalizando ocorrências que demandam atenção.

Cabe ao zelador manter uma postura respeitosa, clara e objetiva ao se comunicar com os condôminos, sem tomar decisões que cabem ao síndico, mas encaminhando as demandas com agilidade e precisão. Em relação ao síndico, sua atuação deve ser proativa e colaborativa, com atualizações constantes sobre o andamento das rotinas do prédio.

Essa ponte de comunicação contribui para a harmonia no ambiente condominial e para uma gestão mais eficiente, onde problemas são detectados rapidamente e solucionados de forma coordenada.

Apoio na segurança do condomínio

Embora o zelador não seja um profissional de segurança patrimonial, ele desempenha um papel fundamental na prevenção de riscos e no controle do acesso ao condomínio. Entre suas responsabilidades, está a observação constante do comportamento de pessoas estranhas ao ambiente, bem como o acompanhamento da entrada de visitantes, prestadores e entregadores.

Também é função do zelador reportar ao síndico qualquer falha nos sistemas de segurança, como portões automáticos, câmeras de vigilância ou iluminação nas áreas comuns. Em condomínios que contam com porteiros ou sistemas de portaria remota, ele atua como apoio para garantir que os protocolos de segurança sejam seguidos corretamente.

Além disso, o zelador pode ser treinado para procedimentos de emergência, como evacuação em caso de incêndio ou primeiros socorros, ampliando sua contribuição para a segurança coletiva.

Gestão de pequenos reparos e rotinas operacionais

O zelador também é responsável por acompanhar ou executar pequenos reparos nas áreas comuns do condomínio. Isso inclui, por exemplo, a substituição de lâmpadas queimadas, ajustes em fechaduras, troca de torneiras ou verificação de ruídos anormais em equipamentos.

Quando o problema exige um serviço mais técnico, o zelador deve acionar empresas especializadas, acompanhar a execução e validar a conclusão do serviço, garantindo que tudo esteja em conformidade com o padrão esperado.

Além disso, é o zelador quem organiza e controla diversas rotinas operacionais diárias e semanais do condomínio, como o recolhimento de lixo, limpeza de caixas de correspondência, verificação de funcionamento de elevadores e registro de ocorrências no livro do zelador. Sua atuação garante fluidez na rotina do prédio e previne falhas operacionais que possam gerar desconfortos aos moradores.

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Perfil ideal de um zelador de condomínio

Contratar um bom zelador exige mais do que avaliar experiência prévia. É fundamental compreender quais habilidades técnicas, comportamentais e qualificações são desejáveis para que esse profissional contribua efetivamente para a gestão do condomínio.

A seguir, destacamos os principais aspectos que compõem o perfil ideal do zelador:

Habilidades técnicas e conhecimentos desejáveis

O zelador precisa ter domínio básico de diferentes áreas técnicas relacionadas à manutenção predial. Isso inclui noções de hidráulica, elétrica, jardinagem, pintura e pequenos reparos em geral. Embora nem sempre execute as tarefas diretamente, ele deve saber identificar problemas e acionar os profissionais adequados com agilidade.

Conhecimentos sobre o funcionamento de elevadores, bombas hidráulicas, sistemas de portaria remota e equipamentos de segurança eletrônica também são diferenciais importantes, principalmente em condomínios de médio e grande porte.

Além disso, é desejável que o zelador domine rotinas administrativas básicas, como preenchimento de relatórios, leitura de manuais técnicos e controle de cronogramas de manutenção preventiva. A familiaridade com o regimento interno e normas do condomínio também faz parte do conjunto de conhecimentos esperados para a função.

Competências comportamentais e postura profissional

Além dos conhecimentos técnicos, o zelador precisa demonstrar um conjunto de comportamentos que sustentam sua atuação no dia a dia. Entre as competências mais valorizadas estão a proatividade, a organização e a responsabilidade. Como está diretamente envolvido na rotina de moradores e prestadores de serviço, é fundamental que saiba lidar com imprevistos de forma equilibrada e eficiente.

A postura profissional do zelador também é determinante para sua credibilidade. Isso inclui pontualidade, apresentação pessoal adequada, discrição ao lidar com questões internas do condomínio e respeito às hierarquias definidas. Ter boa comunicação interpessoal e saber ouvir são habilidades que fazem diferença, principalmente em ambientes com grande fluxo de pessoas.

Zeladores que cultivam um bom relacionamento com os moradores e mantêm uma postura ética diante de conflitos ajudam a promover a convivência harmoniosa no condomínio, contribuindo ativamente para um clima organizacional positivo.

Experiência prévia e formação recomendada

Embora não exista uma formação técnica obrigatória para atuar como zelador, a experiência prática em funções operacionais condominiais ou prediais é um dos principais critérios levados em conta durante a contratação. Ter atuado anteriormente como auxiliar de serviços gerais, porteiro ou encarregado predial pode ser um diferencial.

Além disso, cursos livres voltados para gestão condominial, manutenção predial, normas da ABNT, NR-10 (segurança em instalações elétricas) ou até primeiros socorros agregam valor ao currículo do candidato. Algumas administradoras e sindicatos oferecem capacitações específicas para a função, que podem ser excelentes oportunidades de qualificação.

A escolaridade mínima costuma ser o ensino fundamental completo, mas em condomínios mais complexos ou com grande fluxo de pessoas, o ensino médio é frequentemente exigido. Conhecimentos básicos de informática, leitura e escrita são importantes para o preenchimento de registros, controle de escalas e comunicação com a gestão.

O que diz a legislação sobre a função de zelador

Antes de entrar nos detalhes legais, é importante reforçar que o papel do zelador está inserido dentro de uma estrutura condominial mais ampla. Conforme abordamos no artigo sobre cargos e funções em condomínio, cada profissional tem atribuições bem definidas, inclusive do ponto de vista legal e trabalhista.

No caso do zelador, a legislação estabelece diretrizes importantes que vão desde a sua classificação funcional até os direitos garantidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e pelos acordos sindicais da categoria. A seguir, vamos detalhar os principais pontos legais que envolvem essa função:

A função de zelador segundo a CLT e a CBO

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) estabelece os direitos e deveres dos trabalhadores contratados em regime celetista, como é o caso da maioria dos zeladores de condomínio. Segundo a CLT, esse profissional deve ter sua função registrada na Carteira de Trabalho e receber todos os direitos trabalhistas, como salário compatível, férias, 13º salário, FGTS e descanso semanal remunerado.

Já a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), que organiza e codifica as profissões reconhecidas pelo Ministério do Trabalho, define a função de zelador sob o código 5141-05. De acordo com essa classificação, as atividades do zelador envolvem:

  • Supervisionar a limpeza e a manutenção do prédio;
  • Controlar o uso adequado das áreas comuns;
  • Verificar o funcionamento de instalações elétricas, hidráulicas e de segurança;
  • Acompanhar a entrada e saída de prestadores de serviço;
  • Zelar pelo cumprimento do regimento interno do condomínio.

A CBO ainda esclarece que o zelador atua em regime de subordinação, geralmente respondendo ao síndico ou à administradora do condomínio. Ou seja, ele não possui autonomia para tomar decisões administrativas ou financeiras, mas é peça-chave na execução e supervisão das rotinas operacionais.

Importante destacar que, para fins legais, a descrição das atividades do zelador deve estar claramente detalhada no contrato de trabalho, evitando que ele seja sobrecarregado com funções que extrapolem sua categoria profissional. Essa prática resguarda tanto o condomínio quanto o trabalhador de eventuais passivos trabalhistas.

Convenções coletivas e acordos sindicais aplicáveis

Além da CLT e da CBO, a função de zelador de condomínio também é regulamentada por convenções coletivas de trabalho, que variam conforme o sindicato e a região. Esses documentos são firmados entre os sindicatos que representam os trabalhadores e os sindicatos patronais (ou empresas) e estabelecem direitos e deveres específicos para cada categoria.

No caso dos zeladores, as convenções coletivas podem determinar, por exemplo:

  • Piso salarial da categoria;
  • Jornada semanal e escalas de trabalho;
  • Intervalos e períodos de descanso;
  • Regras para horas extras e adicionais noturnos;
  • Uniformes e equipamentos de proteção fornecidos pelo empregador;
  • Condições de trabalho em feriados e finais de semana.

É fundamental que o síndico e a administradora consultem a convenção coletiva vigente na região do condomínio antes de elaborar o contrato de trabalho ou realizar alterações na rotina do profissional. O descumprimento desses acordos pode gerar passivos trabalhistas e até ações judiciais.

Vale lembrar que essas convenções têm força de lei dentro da sua abrangência territorial, sendo de cumprimento obrigatório para todos os empregadores e empregados representados pelos sindicatos signatários.

Limites legais de jornada, folgas e atividades

A jornada de trabalho do zelador é regida pela CLT e, em muitos casos, complementada por convenções coletivas específicas da categoria. Em geral, a carga horária semanal varia entre 44 horas semanais (8 horas por dia) e escalas alternadas, como 12×36, dependendo do tipo de contrato e da estrutura do condomínio.

O zelador tem direito ao descanso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos, e aos intervalos intra e interjornada, conforme determinado pela legislação. Além disso, o pagamento de horas extras deve seguir os percentuais mínimos estabelecidos por lei, com adicional de pelo menos 50% sobre a hora normal. Em alguns casos, convenções coletivas estabelecem percentuais ainda mais vantajosos para o trabalhador.

É importante observar que o zelador não pode acumular funções indevidas, como realizar tarefas de vigilância armada, substituir o porteiro de forma permanente ou executar serviços técnicos especializados sem a devida capacitação e autorização contratual. A sobrecarga ou desvio de função pode ser questionada judicialmente e gerar ônus trabalhista para o condomínio.

Dessa forma, tanto síndicos quanto administradoras devem estar atentos aos limites legais e operacionais da função, evitando práticas que desrespeitem os direitos do colaborador ou comprometam a segurança jurídica da gestão condominial.

Equiparação com funções similares e cuidados jurídicos

Em muitos condomínios, é comum que haja confusão entre as atividades do zelador, do faxineiro, do porteiro e do auxiliar de serviços gerais. No entanto, do ponto de vista jurídico e trabalhista, essas funções são distintas e não devem ser acumuladas sem o devido enquadramento contratual e remuneratório.

Por exemplo, o faxineiro é responsável pela limpeza e conservação, enquanto o porteiro atua no controle de acesso. Já o auxiliar de serviços gerais executa tarefas diversas, mas geralmente sem a responsabilidade de supervisão e gestão de rotina que cabe ao zelador. Cada uma dessas funções possui uma classificação própria na CBO e pode estar vinculada a sindicatos distintos, com pisos salariais e direitos específicos.

A equiparação funcional indevida — como exigir que o zelador exerça funções contínuas de portaria ou serviços de limpeza pesados — pode configurar desvio ou acúmulo de função. Nesses casos, o trabalhador pode requerer judicialmente o pagamento de diferenças salariais retroativas, adicionais ou até mesmo a reclassificação do vínculo trabalhista.

Por isso, é essencial que o condomínio defina de forma clara e objetiva no contrato de trabalho quais são as atribuições do zelador e mantenha um controle adequado sobre as atividades executadas. Isso reduz riscos jurídicos e garante que os direitos de cada colaborador sejam respeitados conforme sua função específica.

Responsabilidade civil e trabalhista do condomínio

Ao contratar um zelador, o condomínio assume uma série de responsabilidades legais que, se negligenciadas, podem resultar em processos trabalhistas e ônus financeiros significativos. É dever do síndico, juntamente com a administradora, garantir que a relação de trabalho esteja devidamente formalizada, respeitando todas as obrigações previstas na CLT, convenções coletivas e demais normativas aplicáveis.

Entre as responsabilidades estão:

  • Registro em carteira e pagamento de todos os encargos trabalhistas (INSS, FGTS, férias, 13º salário);
  • Cumprimento das jornadas e escalas conforme acordos vigentes;
  • Garantia de ambiente de trabalho seguro e condições adequadas de atuação;
  • Fornecimento de equipamentos de proteção individual (EPI), quando necessário;
  • Respeito aos limites de função, evitando desvio ou acúmulo não contratual;
  • Pagamento correto de adicionais, como horas extras, adicional noturno e insalubridade (quando aplicável).

Caso haja algum acidente de trabalho, doença ocupacional ou descumprimento contratual, o condomínio pode ser responsabilizado civil e trabalhisticamente. Em situações de terceirização da função, é necessário verificar a idoneidade da empresa contratada, já que a responsabilidade solidária pode recair sobre o condomínio em caso de irregularidades.

Portanto, mais do que cumprir uma formalidade, adotar boas práticas na contratação e gestão do zelador é uma medida preventiva essencial para proteger o condomínio de riscos jurídicos e garantir relações laborais justas e transparentes.

Diferença entre zelador, faxineiro e auxiliar de serviços gerais

É comum que moradores e até gestores confundam as funções do zelador com as de outros profissionais que atuam no dia a dia do condomínio. No entanto, é fundamental compreender as diferenças entre essas funções para garantir uma gestão mais eficiente e evitar conflitos ou sobrecarga de tarefas.

O zelador é o profissional que atua como elo entre a administração e a operação condominial. Sua função envolve supervisão, coordenação de rotinas, fiscalização de serviços terceirizados e apoio direto ao síndico na solução de demandas operacionais. Ele não está limitado a atividades manuais ou operacionais, mas sim atua como gestor das atividades de base.

O faxineiro, por sua vez, é o responsável direto pela limpeza e higienização das áreas comuns, como halls, escadas, corredores, banheiros, salão de festas e garagem. Sua atuação é operacional, com foco exclusivo na conservação do ambiente físico.

Já o auxiliar de serviços gerais executa tarefas variadas, que podem incluir limpeza, pequenos reparos, jardinagem, transporte de materiais e apoio a outros setores, dependendo do contrato. É uma função multifuncional, mas geralmente com menor grau de responsabilidade organizacional em comparação ao zelador.

Compreender e respeitar essas distinções é essencial para evitar o acúmulo indevido de funções e garantir que cada colaborador exerça suas atividades dentro das atribuições legais e contratuais. Além disso, essa clareza contribui para um ambiente de trabalho mais justo e produtivo para todos os envolvidos.

Como contratar um bom zelador para o condomínio

A contratação de um bom zelador é uma etapa crítica para o sucesso da gestão condominial. Mais do que preencher uma vaga, trata-se de encontrar um profissional que tenha perfil técnico, postura adequada e habilidades compatíveis com a rotina e o porte do condomínio. Um erro nesse processo pode resultar em falhas operacionais, conflitos internos e até prejuízos financeiros.

Antes de iniciar o processo seletivo, é preciso definir se o condomínio irá contratar o zelador de forma direta (com vínculo CLT) ou por meio de uma empresa terceirizada. Essa decisão deve considerar fatores como orçamento, estrutura de gestão, riscos trabalhistas e o nível de autonomia desejado.

Na sequência, apresentamos os principais pontos de atenção que síndicos e administradoras devem considerar nesse processo:

Vínculo direto ou terceirização: o que avaliar

A contratação direta garante maior controle sobre a atuação do zelador, permite uma relação mais próxima com a gestão condominial e costuma gerar maior identificação do profissional com o prédio. No entanto, também exige do condomínio o cumprimento rigoroso das obrigações trabalhistas e previdenciárias, além da gestão contínua da rotina do colaborador.

Por outro lado, a terceirização transfere ao prestador de serviço a responsabilidade pela folha de pagamento, encargos, substituições em casos de férias ou afastamentos e capacitação do profissional. Isso pode reduzir a carga administrativa do síndico, mas exige atenção redobrada na escolha da empresa contratada. É essencial verificar sua reputação, regularidade fiscal e o cumprimento das normas legais.

Independentemente da escolha, o importante é que o condomínio formalize todas as condições da prestação de serviço em contrato, especifique as atividades atribuídas ao zelador e mantenha um canal claro de comunicação e supervisão da qualidade do trabalho executado.

O que observar no processo seletivo

Durante o processo seletivo, é fundamental que o síndico e a administradora avaliem não apenas o currículo do candidato, mas também sua postura, capacidade de comunicação e referências anteriores. A entrevista deve explorar situações práticas do dia a dia em condomínio, como resolução de conflitos, resposta a emergências e atuação preventiva em manutenção.

Verificar se o candidato compreende claramente o papel do zelador dentro da estrutura condominial também é essencial. Ele deve demonstrar familiaridade com rotinas operacionais, normas de convivência, regras de segurança e relacionamento com moradores. Testes práticos ou perguntas situacionais podem ser úteis para avaliar o raciocínio lógico, o senso de responsabilidade e o equilíbrio emocional do profissional.

Outro ponto importante é analisar a disponibilidade de horário e a flexibilidade para escalas ou plantões, especialmente em condomínios com maior demanda. Além disso, conferir antecedentes criminais e a regularidade dos documentos pessoais são etapas que ajudam a aumentar a segurança da contratação.

Por fim, recomenda-se entrar em contato com empregadores anteriores para obter referências comportamentais e operacionais. Um bom histórico profissional costuma ser um indicativo confiável do desempenho futuro.

Dicas para um onboarding eficaz

A integração do novo zelador é uma etapa essencial para garantir que ele entenda sua função, se adapte à cultura do condomínio e atue com eficiência desde os primeiros dias. Um bom processo de onboarding contribui para reduzir falhas, aumentar a motivação do colaborador e fortalecer o relacionamento com moradores e a equipe de gestão.

O primeiro passo é apresentar ao profissional o regimento interno, o organograma do condomínio, os principais procedimentos operacionais e o cronograma de atividades. Também é importante mostrar os ambientes de uso comum, identificar pontos críticos de manutenção e explicar protocolos de emergência e segurança.

Outra boa prática é designar um responsável — geralmente o síndico, subsíndico ou representante da administradora — para acompanhar o zelador nos primeiros dias. Esse acompanhamento pode incluir revisões de rotinas, esclarecimento de dúvidas e avaliações iniciais de desempenho.

Além disso, vale a pena fornecer um manual simplificado com orientações práticas, contatos importantes e lista de fornecedores. Com um onboarding bem estruturado, o zelador se sente mais seguro e valorizado, o que reflete diretamente na qualidade do seu trabalho.

A importância do treinamento contínuo para zeladores

Capacitações obrigatórias e desejáveis

O treinamento contínuo é essencial para garantir que o zelador esteja sempre atualizado sobre boas práticas, normas técnicas e exigências legais aplicáveis à sua função. Embora a legislação não determine uma grade fixa de cursos obrigatórios, alguns treinamentos são altamente recomendados — inclusive por convenções coletivas ou por exigências de segurança do trabalho.

Entre as capacitações mais recomendadas, destacam-se:

  • NR-10: segurança em instalações e serviços com eletricidade;
  • NR-35: trabalho em altura (quando aplicável);
  • Curso de primeiros socorros e prevenção de incêndios;
  • Treinamentos em manutenção predial e conservação de áreas comuns;
  • Relacionamento interpessoal e atendimento ao público.

Além disso, cursos livres sobre gestão condominial, comunicação eficaz, normas da ABNT, atendimento a moradores e manuseio de sistemas de segurança podem contribuir significativamente para o desempenho profissional.

Em cidades com sindicatos atuantes, muitas dessas formações são oferecidas gratuitamente ou a baixo custo. Incentivar o zelador a buscar capacitação contínua não só melhora a qualidade do serviço, como também demonstra valorização do profissional por parte da gestão.

O papel da administradora na formação do zelador

As administradoras de condomínio exercem um papel estratégico na capacitação e atualização dos profissionais contratados, especialmente quando o zelador é vinculado diretamente ao condomínio. Elas podem atuar como facilitadoras no processo de formação, indicando cursos confiáveis, promovendo treinamentos internos ou oferecendo parcerias com entidades sindicais e instituições técnicas.

Além disso, a administradora tem acesso a uma ampla base de informações sobre normas, exigências legais e tendências do setor, podendo orientar o síndico sobre quais qualificações devem ser priorizadas. Em alguns casos, administradoras oferecem programas próprios de capacitação, especialmente em cidades maiores ou para clientes com grande volume de contratos.

Outro ponto importante é o acompanhamento de desempenho. A administradora pode colaborar com a gestão do síndico na avaliação do zelador, propondo melhorias, repassando feedbacks e ajustando rotinas com base em indicadores de qualidade. Essa atuação integrada contribui diretamente para a valorização da função e para a excelência na prestação de serviços condominiais.

Considerações finais sobre o papel do zelador no condomínio

O zelador é muito mais do que um colaborador operacional. Ele é um agente fundamental para a fluidez da rotina condominial, a conservação das áreas comuns, a prevenção de problemas e a promoção de um ambiente mais seguro e harmonioso para todos.

Sua atuação exige equilíbrio entre habilidades técnicas e comportamentais, além de um entendimento claro dos limites legais da função. Quando bem selecionado, capacitado e valorizado, o zelador se transforma em um verdadeiro parceiro da gestão condominial.

Síndicos, conselhos e administradoras devem investir em processos de contratação criteriosos, oferecer treinamentos contínuos e manter um diálogo constante com esse profissional. Com isso, o condomínio ganha em eficiência, evita conflitos e reforça sua imagem de organização e profissionalismo diante dos moradores.

A valorização do zelador é, portanto, uma decisão estratégica — e um pilar para uma gestão condominial de excelência.

Referência principal: cargos e funções no condomínio

Para aprofundar ainda mais seu conhecimento sobre o papel do zelador dentro da estrutura condominial e compreender como essa função se relaciona com outras posições importantes, recomendamos a leitura do artigo:

➡️ Cargos e funções em condomínio: conheça a estrutura condominial

Nesse conteúdo, explicamos as responsabilidades de síndicos, subsíndicos, conselheiros, porteiros e demais profissionais que atuam no dia a dia do condomínio — oferecendo uma visão completa da gestão e operação condominial.

Foto de Paulo André Rodrigues

Paulo André Rodrigues

CEO da Condorama, advogado especialista em direito imobiliário e gestão condominial. Ajudo condomínios a terem uma gestão profissional para que seus moradores vivam melhor pagando menos.
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